Irene do Céu Vieira Lisboa (1892-1958)
Escritora e pedagoga portuguesa, nascida no Casal da Murzinheira, concelho de Arruda dos Vinhos). Teve uma infância sem pobreza. Foi educada no Convento do Sacramento, que não lhe agradou. Estudou em Lisboa no Colégio Inglês até aos treze anos.
Frequentou o Liceu D. Maria Pia, onde conheceu a sua amiga e companheira Ilda Moreira. Com o curso do Magistério Primário, começou a leccionar. “O seu destino literário é, entre os destinos literários infelizes, um dos mais marcados pelo infortúnio e pela injustiça”. Escritora de primeiríssima água, como reconheceram José Rodrigues Migueis, Gomes Ferreira, João Gaspar Simões. Publicou aos 20 anos no jornal Educação Feminina os primeiros versos. "Irene Lisboa exerceu a profissão na capital até ao momento em que, juntamente com a sua colega e amiga Ilda Moreira, aceita o desafio de reger classes de ensino infantil criadas nas escolas oficiais. Parte para Genebra, mercê de uma bolsa do Instituto de Alta Cultura, especializando em Pedagogia. Deixou uma obra que se estende por contos, crónicas, poemas, artigos sobre educação e ensino. Foi uma narradora insuperável do quotidiano. Usou o pseudónimo de João Falco, Manuel Soares e Maria Moira. Por motivos políticos foi afastada do ensino aos 48 anos. Os mais conhecidos sucessos desta autora foram «Um Dia e Outro Dia», 1936; «Esta Cidade!», 1942; «Uma Mão Cheia de Nada e Outra de Coisa Nenhuma», 1955 e «Voltar Atrás Para Quê?», 1956. Deixou obra vasta na área da pedagogia.
Chuvoso maio!
Deste lado oiço gotejar
sobre as pedras.
Som da cidade ...
Do outro via a chuva no ar.
Perpendicular, fina,
Tomava cor,
distinguia-se
contra o fundo das trepadeiras
do jardim.
No chão, quando caía,
abria círculos
nas pocinhas brilhantes,
já formadas?
Há lá coisa mais linda
que este bater de água
na outra água?
Um pingo cai
E forma uma rosa...
um movimento circular,
que se espraia.
Vem outro pingo
E nasce outra rosa...
e sempre assim!
Os nossos olhos desconsolados,
sem alegria nem tristeza,
tranquilamente
vão vendo formar-se as rosas,
brilhar
e mover-se a água...
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Cântico Negro - interpretação do poema
"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!
O poema de José Régio, “Cântico Negro”, encarado como uma contestação ou negação de um preconceito. Por si, ele transmite uma ideia de independência e autonomia , podendo assim utilizar o seu instinto e é de imediato composto por dois elementos.
O primeiro elemento é “cântico” que deixa transparecer uma ideia de hino em homenagem a um ente da natureza divina. O vocabulário “cântico”, embora entendido como poema, lembra a voz, lembra um acto de falar.
O segundo elemento é “negro”, que pode ser interpretado igualmente de diferentes maneiras, tais como algo escuro, sombrio, algo do mal e/ou condenado.
O poema nega o básico, nega o habitual. A busca da originalidade e de um caminho particular leva José Régio a obrigar a sua própria consciência e a perceber que cada um vai por si mesmo, podendo descobrir orgulhosamente quem e como é, buscando assim um lugar paralelo.
Vai ser esta eterna perseguição seguida duma eterna fuga que vai manteve régio são, coerente e sôfrego de conhecer o Real.
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!
O poema de José Régio, “Cântico Negro”, encarado como uma contestação ou negação de um preconceito. Por si, ele transmite uma ideia de independência e autonomia , podendo assim utilizar o seu instinto e é de imediato composto por dois elementos.
O primeiro elemento é “cântico” que deixa transparecer uma ideia de hino em homenagem a um ente da natureza divina. O vocabulário “cântico”, embora entendido como poema, lembra a voz, lembra um acto de falar.
O segundo elemento é “negro”, que pode ser interpretado igualmente de diferentes maneiras, tais como algo escuro, sombrio, algo do mal e/ou condenado.
O poema nega o básico, nega o habitual. A busca da originalidade e de um caminho particular leva José Régio a obrigar a sua própria consciência e a perceber que cada um vai por si mesmo, podendo descobrir orgulhosamente quem e como é, buscando assim um lugar paralelo.
Vai ser esta eterna perseguição seguida duma eterna fuga que vai manteve régio são, coerente e sôfrego de conhecer o Real.
Critica ao livro de Valter Hugo Mãe
"O Nosso Reino"
Valter Hugo Mãe, no livro "O Nosso Reino", o seu primeiro livro publicado, apresenta uma escrita diferente do que, por mim, é habitualmente visto.
O autor, escreve as suas obras com letras minúsculas, na minha opinião, esse método não tem razão de ser.
O facto de escrever desta maneira, torna o livro bastante confuso, fazendo com que o leitor o releia novamente para que o passe a compreender. O autor não utiliza mais sinais de pontuação a não ser, virgulas e ponto-finais.
A linguagem que Valter Hugo Mãe utiliza, por vezes, é um pouco inadequada mas bem visto e analisada correctamente torna a leitura mais interessante em vários capítulos.
"O Nosso Reino" é um livro com uma história misteriosa, aborda assuntos ficcionados e interessantes em algumas partes. O que mais me alertou e despertou a minha atenção foi o facto de só desvendarem o nome no narrador quase no final da história. O narrador retratava bastante a morte, e instensificava o seu medo em relação a ela.
A história fala em geral das várias mortes que aconteceram naquele local, como que se a própria morte perseguisse o seu reino.
A personagem que mais me chamou a atenção foi o homem mais triste do mundo, uma personagem inventada pelo autor, cujo sua missão era levar os corpos dos vários mortos.
Na minha opinião, o livro não é bem o meu género de leitura, embora tenha um tipo diferente de escrita, não me manteve interessada durante toda a história.
Valter Hugo Mãe, no livro "O Nosso Reino", o seu primeiro livro publicado, apresenta uma escrita diferente do que, por mim, é habitualmente visto.
O autor, escreve as suas obras com letras minúsculas, na minha opinião, esse método não tem razão de ser.
O facto de escrever desta maneira, torna o livro bastante confuso, fazendo com que o leitor o releia novamente para que o passe a compreender. O autor não utiliza mais sinais de pontuação a não ser, virgulas e ponto-finais.
A linguagem que Valter Hugo Mãe utiliza, por vezes, é um pouco inadequada mas bem visto e analisada correctamente torna a leitura mais interessante em vários capítulos.
"O Nosso Reino" é um livro com uma história misteriosa, aborda assuntos ficcionados e interessantes em algumas partes. O que mais me alertou e despertou a minha atenção foi o facto de só desvendarem o nome no narrador quase no final da história. O narrador retratava bastante a morte, e instensificava o seu medo em relação a ela.
A história fala em geral das várias mortes que aconteceram naquele local, como que se a própria morte perseguisse o seu reino.
A personagem que mais me chamou a atenção foi o homem mais triste do mundo, uma personagem inventada pelo autor, cujo sua missão era levar os corpos dos vários mortos.
Na minha opinião, o livro não é bem o meu género de leitura, embora tenha um tipo diferente de escrita, não me manteve interessada durante toda a história.
Carta ao Presidente
Exº Sr. Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva
Venho por este meio expressar o meu descontentamento em relação à entrega de subsídios escolares a famílias não necessitadas.
No país existem inúmeros casos de famílias cujo as dificuldades em comprar materiais e livros escolares são mais excessivas, no entanto, não lhes é fornecido o subsídio escolar.
Outras famílias, a quem não é necessário o subsídio, são beneficiadas por terem um familiar no estrangeiro ou mesmo pais divorciados, pois não lhes é contabilizado os dois ordenados.
Na minha opinião, os responsáveis pela entrega de subsídios e análise dos orçamentos das famílias deveriam de ter em conta todos os ordenados possíveis. Deste modo, já não haveria injustiças perante os alunos.
A ajuda na compra de materiais, livros e nas refeições da escola são contudo bastante importantes para quem não tem possibilidades de requirir tudo isso.
Poderia abordar outros casos mas acho que este é bastante importante, e deveria ser alertado. O facto de ajudarem quem não precisa preocupa-me enquanto cidadã.
Agradeço o seu tempo e dedicação.
Batalha 11 de Junho de 2010
Sinceros cumprimentos,
Mónica Rino
Venho por este meio expressar o meu descontentamento em relação à entrega de subsídios escolares a famílias não necessitadas.
No país existem inúmeros casos de famílias cujo as dificuldades em comprar materiais e livros escolares são mais excessivas, no entanto, não lhes é fornecido o subsídio escolar.
Outras famílias, a quem não é necessário o subsídio, são beneficiadas por terem um familiar no estrangeiro ou mesmo pais divorciados, pois não lhes é contabilizado os dois ordenados.
Na minha opinião, os responsáveis pela entrega de subsídios e análise dos orçamentos das famílias deveriam de ter em conta todos os ordenados possíveis. Deste modo, já não haveria injustiças perante os alunos.
A ajuda na compra de materiais, livros e nas refeições da escola são contudo bastante importantes para quem não tem possibilidades de requirir tudo isso.
Poderia abordar outros casos mas acho que este é bastante importante, e deveria ser alertado. O facto de ajudarem quem não precisa preocupa-me enquanto cidadã.
Agradeço o seu tempo e dedicação.
Batalha 11 de Junho de 2010
Sinceros cumprimentos,
Mónica Rino
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