segunda-feira, 23 de novembro de 2009

A fala

A Fala

Sou de uma Europa de periferia
na minha língua há o estilo manuelino
cada verso é uma outra geografia
aqui vai-se a Camões e é um destino.

Velas veleiro vento. E o que se ouvia
era sempre na fala o mar e o signo.
Gramática de sal e maresia
na minha língua há um marulhar contínuo.

Há nela o som do sul o tom da viagem.
O azul. O fogo de Santelmo e a trombade água.
E também sol. E também sombra.

Verás na minha língua a outra margem.
Os símbolos os ritmos os sinais.
E Europa que não mais Mestre não mais.


Manuel Alegre


No soneto “A fala” de Manuel Alegre, o autor invoca a importância do seu país. Portugal, uma pátria.
Destacando, em algumas citações, Lusíadas, a grande história dos portugueses.
Manuel Alegre defende o nosso país nunca temendo no que cita. O autor impõe a nossa língua como o nosso grande valor, ao dizer “verás a minha língua a outra margem”, relacionando o soneto aos descobrimentos. Com esta citação tem como intenção dizer que Portugal foi um grande comandante nos descobrimentos, deixando marcas da sua presença. A língua.
“Somos de uma Europa de periferia”, descreve Manuel Alegre. O autor quer admirar o nosso país. Fazemos parte de um círculo (Europa), mas não somos comandados por ele. Somos capazes de levar avante a nossa posição. Somos autónomos.

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